terça-feira, 4 de maio de 2010

TAPERINHA UM ENGENHO DO TAPAJÓS: RELAÇÕES E DISCUSSÕES ACERCA DA PRODUÇÃO CANAVIEIRA, ESCRAVIDÃO, ESTUDOS DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS E CABANAGEM


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Wilverson Rodrigo Silva de Melo1
rodrigo_mano12@hotmail.com
Antonia Eurenice Rodrigues Silva2

RESUMO - Taperinha situa-se na confluência entre os rios Ituqui e Paraná-Ayayá, sua nomenclatura significa ruína, casa velha ou qualidade de vida segundo os silvícolas. Esta propriedade é dotada de muitos aspectos relevantes a formação dos munícipes santarenos, haja vista que indícios como a escravidão, produção canavieira, vestígios de cerâmica e relações com a cabanagem apontarem este sítio arqueológico e posteriormente um engenho como o lugar que deu início a cidade de Santarém.

PALAVRAS-CHAVE: engenho, sítio arqueológico, cabanagem.

INTRODUÇÃO - O estudo de Taperinha visa possibilitar a sociedade santarena uma reflexão a respeito do conhecimento da história regional, bem como suas contribuições no processo de formação da cidade de Santarém, onde procura discutir a etnografia do sítio arqueológico e posteriormente engenho a partir de aspectos marcantes como o processo escravocrata canavieiro, as relações da cabanagem com a propriedade e de igual modo os vestígios cerâmicos, sambaquis e a “terra preta” que atestam a presença do homem préhistórico na região.

MATERIAL E MÉTODOS - Para a elaboração do presente trabalho fora utilizado como métodos de pesquisa o estudo de caso e o levantamento bibliográfico que tiveram como base de informações uma viagem a Taperinha, onde se teve acesso a documentos imperiais e informações com uma das proprietárias do local, bem como o contato com teóricos descritos nas referências.

RESULTADOS E DISCUSSÃO - A partir de 1530, devido à corrida mercantilista que ocorria na Europa, Portugal decide ocupar de fato o Brasil, onde neste, passou a estabelecer uma grande atividade econômica: a produção do açúcar que era fundamentada no trabalho escravo, a monocultura e latifúndio.

1 Acadêmico do II semestre do CEULS-ULBRA do Curso de Licenciatura Plena em História
2 Professora Esp.Adjunta do CEULS- ULBRA do curso de Licenciatura Plena em História
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Segundo Petta (2005) Assim como o governo português decidiu por estabelecer capitanias hereditárias no Nordeste. Há indícios de que na região Norte também houve engenhos açucareiros (apenas Taperinha será abordado) voltados em larga escala para a produção de aguardente com fins de comercialização com a Europa. A real comprovação destes indícios é que em Santarém o Barão Miguel Pinto adquiriu de D. Pedro II o título de posse de uma vasta propriedade de 42 km de área denominada Taperinha que significa ruína, casa velha ou qualidade de vida segundo os silvícolas. Com visão empreendedora o mesmo tomou como sócio Mr. Romulus J. Rhome um dos imigrantes do advento da imigração americana e que dispunha de capital para a construção do engenho.
Vista do casarão da Fazenda Taperinha
Fonte: arquivo pessoal. Ano: 2009


Segundo Funari (2006. p. 80) os estudos da arqueóloga Anna Roosevelt atestam que a cidade de Santarém nasceu em Taperinha. Para Anna Roosevelt apud Funari (2006. p. 80) os mongóis chegaram ao Baixo Amazonas entre 8 e 11 mil anos atrás pelo estreito de Bering e posteriormente deram origem as principais tribos indígenas amazônidas tais como os Tapajó (No Nhengatu não pronuncia-se o plural com s). Durante as expedições de Anna Roosevelt a propriedade em 1986 e 1993, a mesma lançou como teoria o fato de Taperinha ser o sítio arqueológico sulamericano mais antigo devido ter encontrado montueiros de sambaquis, vestígios de cerâmicatapajônica datados de 8 à 11 mil anos e principalmente “terra preta” que caracteriza a presença do homem préhistórico, haja vista que esta é fruto da decomposição de resíduos orgânicos depositados pelos próprios hominídeos. No entanto ficam em lócus os seguintes questionamentos; Quais as semelhanças e diferenças de Taperinha com outros engenhos? A produção canavieira era investida apenas em cachaça ou também no melaço? Que fim tiveram os escravos? Qual a relação de Taperinha com a cabanagem? Qual o cenário de relação econômica de Taperinha com a Europa? Não obstante, deixamos registradas as semelhanças arquitetônicas e estruturais entre os engenhos Nordestinos e Taperinha, que em meio a variações, assemelham-se em apresentarem: Um casarão, um complexo englobado por um engenho, uma capela, uma
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senzala, uma serraria e uma prensa, canaletas de zinco, uma bica e uma casa administrativa que servia como um centro de observação e controle do trabalho realizado pelos escravos.

Engenho, pintura de Frans Post,1660 -
http://www.pousadapeter.com.br/indexfotos_pinturas_frans_post.htm

A atividade econômica em Taperinha em meados do século XIX estava ligada à exploração da cana-de-açúcar para fins de produção da aguardente, a produção de tabaco para uso específico da família do Barão de Santarém, a atividade madeireira, a plantação de cacau, a produção de vinhos de laranja, caju, cupuaçu, o cultivo de hortaliças e leguminosas revestidas no consumo dos indivíduos da fazenda, além do cultivo de curauá, onde suas fibras eram investidas na produção de cordas e comercializadas na região e fora desta. Em Taperinha os negros musculosos alimentavam o dia todo o grande moinho de cana. As plantações ficavam na parte alta do terreno, onde era cortada a mão e levada para ser jogada na canaleta de zinco que as conduzia próximo a moenda, que posteriormente aplicaria o caldo na produção em larga escala de aguardente e em pequena escala de melaço. A água ardente era encaixotada e exportada para a Europa, já o melaço, principalmente para Amsterdã na Holanda onde era refinado e esbranquiçado nas chamadas “casas de Purgação”.

Vestígios da moenda do Engenho Taperinha
Fonte: arquivo pessoal. Ano: 2009

Além do Engenho havia uma serraria rústica onde eram exploradas as mais variadas espécies de madeira de lei, tais como: o Jacarandá, a Muiraquatiara, a Muirapixuna e o rico Pau D’arco marrom. No que se refere à Cabanagem em Santarém, o pequeno trecho transcreve com exatidão esse movimento em Santarém:

Em princípio de 1835 já a situação era sombria. Os sediciosos se espalhavam em grupos armados que assaltavam povoações, fazendas, sítios, matando, devastando, saqueando,[...] Quem podia fugir, fugia, enterrando seus haveres, jóias e objetos de
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valor, esperando recuperá-los mais tarde, quando chegasse o fim da guerracivil...( SANTOS, 1999. p.197-198).

Segundo Pinsk (2006. p. 24-25) – O historiador, como qualquer cientista, trabalha com evidências e suposições. [...] Se não se arrisca a lançar hipóteses a partir de suposições, corre o risco de repetir o já conhecido, reafirmar o óbvio, [...] Se, por outro lado, abandona as evidências e se permite “delirar” à vontade, pode criar uma interessante obra de ficção [...], comprometida apenas com a imaginação criadora do autor. A partir disto inferimos que de fato Taperinha sofreu influências da Cabanagem, onde o trecho de Tupaiulândia afirma que na época da revolta, muitos fazendeiros e elitizados escondiam suas riquezas para não serem saqueados pelos cabanos, no engenho não foi diferente há vestígios que na Alcova da mansão havia um buraco que supostamente foi utilizado para tais fins de prevenção contra os revoltosos. Existem evidências marcantes – ao menos verbais – de que o Engenho serviu de ponto estratégico para interceptação de alimentos e comunicações entre os cabanos do interior do Tapajós, onde a guarnição militar foi enviada a região pelo 1º juiz de direito da Comarca de Santarém, Dr. Joaquim Rodrigues de Sousa. Não se pode afirmar com exatidão se a guarnição sofreu derrotas, mas pode-se inferir que ela obteve êxito ao final do movimento “popular”, onde conseguiu reprimir os revoltosos. Vale ressaltar que em 1883, a sociedade entre Rhome e o Barão foi desfeita, em virtude da morte deste, sendo dividido o engenho e os escravos pelos seus descendentes. A partir disto, muitos dos escravos de Taperinha foram trazidos e vendidos em Santarém, outros ofertados as festividades de N. Srª. da Conceição, alguns foram levados para outras fazendas e uma quarta parte foram os que conseguiram fugir e se refugiarem nas várzeas do Ituqui fundando os primeiros mocambos da região.

CONCLUSÃO - A propriedade de Taperinha não é um caso isolado na história, em seu processo histórico atesta-se que ela em muito contribui para a formação do povo santareno bem como sua identidade. Esta já foi cenário de uma sociedade tapuia seminômade, abrigou o maior engenho da Amazônia voltado para a produção canavieira escravocrata e deu início ao município. Espera-se que este trabalho possa contribuir com a sociedade santarena a fim de possibilitar o conhecimento das origens e fundação deste município, bem como nossa identidade quanto santareno.
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REFERÊNCIAS
BARBOSA, Aline Patrícia da Silva. et. al. Manual para normalização de trabalhos
acadêmicos. Canoas: Ulbra, 2006. 98 p
FUNARI, Pedro Paulo; NOELLI, Francisco Silva. Pré-História do Brasil. 3 ed. São Paulo:
Contexto, 2006. 110 p.
PETTA, Nicolina Luiza de. et. al. História: uma abordagem integrada. São Paulo: Moderna,
2005. 290 p.
PINSKY, Jaime. As primeiras Civilizações. 23 ed. São Paulo: Contexto, 2006. 125 p.
SANTOS, Paulo Rodrigues dos. Tupaiulândia. 3 ed. Santarém: Gráfica e Editora Tiagão, 1999. 544 p.

O COTIDIANO DA ESCOLA: EDUCAÇÃO AFRO-DESCENDENTE NAS ESCOLAS BÁSICAS DE SANTARÉM

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Francisca Canindé B. dos Santos1
Fabrine dos Santos Rodrigues2
Wilverson Rodrigo Silva de Melo1
E-mail: francisca.caninde@bol.com.br

RESUMO - O presente estudo é resultado de uma pesquisa em andamento, cuja temática envolve o título
acima. Os objetivos que permeiam as discussões a respeito da educação dos afro-descendentes poderão mostrar a
realidade até então desconhecida. Neste caso, é necessário observar as vivências e comportamentos que ainda
podem estar recheados de preconceitos, discriminações, estigmas, que certamente ferem a dignidade dos
estudantes em desenvolvimento. Para tanto, estamos utilizando o método indutivo, a fim de descobrir, tanto
comportamentos docentes e discentes na sala de aula e fora dela. A coleta de dados está se processando através
da observação direta, entrevistas com os atores já mencionados, para que possamos através do método
comparativo e histórico encontrar resultados que possibilitem análises e discussões que respondam os objetivos
propostos, no sentido de contribuir com as escolas e seus professores, que poderão rever seus projetos e colocar
em prática a Lei 10.639.

PALAVRAS-CHAVE: afro-descendentes, discriminações, educação

INTRODUÇÃO - A sociedade brasileira não difere das demais sociedades do mundo de
modo geral. Ela é excludente, a divisão de classes justifica comportamentos que ferem o
emocional humano, como seres históricos, sociais, psicológicos, etc., marcando pela vida
afora aquelas pessoas de matrizes diferenciados dos brancos.
No entanto, a equidade no Brasil aparece como meta fundamental, como o direito “à
educação para todos”, deixando claro que, os discursos ideológicos podem convencer
qualquer pessoa que não compreenda esta realidade. Conseqüentemente, a educação escolar
sempre foi privilégio daqueles homens que a família apresentava poder aquisitivo elevado,
como os senhores de engenho, excluindo os africanos, negros, libertos e outros pobres,
deixando-os sem possibilidades até de compreender o seu mundo lá fora e aqui no Brasil.
Diante do exposto, a ideologia da superioridade e da inferioridade, separa
indistintamente homens brancos, como: os senhores, proprietários de bens necessários a
sobrevivência, na sociedade patriarcal escravista de produção, daqueles que deviam obedecer
e se subordinar a serem mão-de-obra barata, trabalhando na condição de homens
escravizados.
Após a abolição da escravatura quase nada mudou. A discriminação, o preconceito
ainda estão presentes no cotidiano do pobre, do negro e de todos aqueles que não conseguiram
atingir um patamar econômico relevante, próprio da sociedade de consumo, que perpetua

1 Professora Doutora do Curso de História e Pesquisadora.
2 Acadêmica do IV Semestre de História.
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padrões comportamentais que justificam o cotidiano de uma sociedade excludente e
preconceituosa.
Portanto, o estudo pretende mostrar a realidade vivida nas Escolas Básicas de
Santarém. Observar e analisar comportamentos preconceituosos e discriminatórios que geram
conflitos e problemas emocionais, contribuir com mudanças significativas na comunidade
escolar por meio das discussões com gestores, docentes, conselho escolar sobre os resultados
da investigação.

MATERIAL E MÉTODOS - A investigação está em processo. O levantamento
bibliográfico e a seleção desses documentos escritos, como livros, artigos tem permitido
condições da construção de um embasamento teórico que está possibilitando através das
análises a compreensão do objeto de estudo que é a educação afro-descendente nas escolas
básicas de Santarém.
Estas análises têm deixado claro que o negro escravizado se transformou em fonte de
renda, produtores de mercadorias e ao mesmo tempo poderiam ser mercadorias na sociedade
que estava se constituindo de características emergenciais, de um capitalismo agrário, de
modelo europeu luso, conservador, segundo os valores medievais em educação.
As discussões de Casaroto e Santos em seu artigo vêm mostrar a preocupação do
colonizador com os interesses agrários e comercializáveis lucrativos, deixando de lado a
educação escolar dos negros escravizados. Para eles, eram necessários, a educação prática:
trabalhar na agricultura, com o gado e a mineração. De acordo com Santos (2006, p.22):

A história narrada nas escolas é branca, a inteligência e a beleza mostrada pela
mídia também o são. Os fatos apresentados por todos na sociedade como se
houvesse uma preponderância absoluta, uma supremacia definitiva dos brancos
sobre os negros... Aliás, a palavra negro, além de designar o indivíduo deste grupo
étnico-racial, pode significar sujo, lúgubre, funesto, sinistro, maldito, perverso,
triste, nefando, etc
.

São tantos adjetivos discriminatórios, que se a maioria do segmento negro tivesse
clareza do significado, certamente já teria se rebelado. A sociedade brasileira só inclui negros
que tem destaque sócio-econômico, como: Pelé, o grande jogador do século XX. Ronaldo, o
Fenômeno. Para outros, as portas estão fechadas, como se não tivessem potencialidades a
serem desenvolvidas.

1 Acadêmico do II Semestre de História.
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Além dessa amostra de embasamento teórico, utilizamos como método de
abordagem o indutivo, a fim de irmos descobrindo através das observações diretas parte por
parte dos comportamentos existentes na comunidade escolar. O método histórico é de grande
significado e relevante para termos conhecimentos do passado dessa categoria social, que
tanto contribuiu com a sociedade brasileira e hoje continua presente através dos afrodescendentes
e todo um legado cultural histórico que se integrou a cultura brasileira.
O método comparativo permitirá condições de discutir comportamentos passados
com o presente, entrecruzando o histórico com o comparativo, para que possamos
compreender a educação atual dos afro-brasileiros.
Como técnica de pesquisa, a observação direta será importante, por verificar em
lócus como discentes, docentes se comportam um perante o outro. Por outro lado, é
importante observar quadro de avisos, cartazes, assim como se processam as aulas, se os
assuntos sobre África e afro-descendentes estão sendo enfatizados nas aulas.
A técnica da entrevista permitirá conhecer os discursos dos alunos e professores, o
que eles pensam sobre a Lei 10.639/03. Se estão estudando temáticas referentes a História da
cultura africana e afro-brasileiras. E também se os professores procuram incluir em suas
disciplinas assuntos pertinente aquilo que a Lei objetiva.
Após essa coleta de dados, faremos a catalogação dos discursos e das observações
para que tenhamos resultados condizentes aos objetivos propostos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
OS OLHARES DE 45 ALUNOS DE 7ª E 8ª SÉRIES NA ESCOLA BÁSICA - A pesquisa
está em processo, por isso seus resultados são parciais. Para constatar se os alunos gostam de
ler, perguntamos se eles freqüentavam a biblioteca da escola.
De modo geral, os discentes freqüentam pouco a biblioteca. Eles afirmaram numa
média de 80% que vão a este lugar obrigado, quando a professora manda e ameaça de ficarem
sem nota. 10% dos alunos consideram este local como algo que não tem nada interessante.
5% desse alunado não gostam da sala porque é fria, sem ambiente para estudar. Outros 5%
nunca entraram na biblioteca da escola, eles não gostam de ler.
Quisemos saber o que mais eles estudam sobre o africano no Brasil.
Uma parcela considerável disse que era a escravidão: os africanos nas fazendas de
café, nos engenhos, nas senzalas sendo explorados e oprimidos. Os negros também foram
encontrados nas minas de ouro e diamantes.
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Questionamos sobre o que esses alunos estudam sobre o continente africano. O que
mais surgiu em seus discursos foi sobre: o Egito e as Pirâmides, a pobreza do povo, a fome e
a miséria. Outro disse “que não entende porque lá só existe miséria”.
Perguntamos sobre atitudes comportamentais perante alunos de outra etnia. Em seus
discursos surgiram uma infinidade de apelidos, dos quais selecionamos alguns como: Fobó do
Laguinho, Cara de Lagartixa, Minhoca Loura, Formiga Atômica, Piolhenta, Boca de Caçapa,
Caolho, Tripa Seca, dentre outras.
Portanto, esses apelidos estão ocorrendo na sala de aula, que podem estar em nível de
preconceito entre alunos e vice-versa, como esclarece Amaral (1998, p.11):

Se pensássemos aos costumeiros apelidos que circulam nos lábios infantis: “rolha
de poço”, “azeitona no palito”, “pau-de-sebo”, “nanico”, “crioulo doido”,
“quatro olho”, “surdinho”, “tadinho”, “cegueta” “mula manca”... estaríamos
muito perto da resposta: a presença de preconceitos e a decorrente discriminação
vivida, ainda com mais intensidade... impedindo-os, muitas vezes de vivenciar não
só seus direitos de cidadãos, mas de vivenciar plenamente sua própria infância.

CONCLUSÃO - A escola é o pólo que reúne a diversidade étnico-cultural. As relações
sócio-educativas entre as pessoas da comunidade escolar devem permitir discussões abertas
sobre a forma de tratar o outro com respeito, valorizando-o como um ser pensante e com
potencialidades para criar e recriar o mundo.
Com isto, os dados até agora permitiram através das análises, descobrir que
propriamente a aplicação da Lei 10.639 ainda está para acontecer com veracidade e
cumprimento na comunidade escolar. Mas ela é um passo decisivo que deve ser colocado em
prática, embora se saiba que esta “lei é para toda a população brasileira, pois não somente
para negros”.
Neste caso, a orientação do Parecer 3/2004, apresenta os seguintes objetivos
aprofundando as discussões à respeito a Educação das Relações Étnico-raciais:

Divulgar é produzir conhecimentos, bem como atitudes, posturas e valores que
eduquem cidadãos quando a pluralidade étnico-racial, tornando-os capaz de
interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos
direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da
democracia brasileira.

Este parecer faz reflexões sobre a educação, onde a cidadania e a democracia devem
fazer parte do convívio humano. Mas ele vai mais além, quando se refere ao Ensino da
História e da cultura afro-brasileira e africana no que diz respeito:
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A reconhecer e valorizar a identidade, a história e a cultura dos afro-brasileiros,
bem como, garantir o reconhecimento e a igualdade de valorização das raízes
africanas na nação brasileira, ao lado das indígenas, européias e asiáticas.

Assim, a sociedade poderá incluir todos, sem exclusão de nenhuma pessoa, quando a
escola, família e outras instituições estiverem integradas tendo, a educação como base na
inclusão, cidadania e democracia em cumprimento a Lei 10.639/03 nas Escolas Básicas de
Santarém.

REFERÊNCIAS
AMARAL, Lígia Assumpção. Sobre Crocodilos e Avestruzes: falando de diferenças
físicas, preconceitos e sua superação, IN Julio Groppa Aquino (org). Diferenças e
Preconceito na Escola: Alternativas Teóricas e Práticas, 5 ed., São Paulo: SUMMUS,
1998.
CASAROTO, Karine e SANTOS, Adriana Regina de Jesus. UEL-UNOPAR. Algumas
Reflexões sobre o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (artigo),
Curitiba, 2006.
MUNANGA, Kabengele e GOMES, Nilma Lino. O Negro no Brasil de Hoje, São Paulo:
Global, 2006.
SANTOS, Hélio. História e Cultura afro-brasileira e africana: educando para as
relações étnico-raciais, Secretaria de Estado de Educação. Departamento de Ensino
Fundamental, Curitiba, 2006 – p.110 (caderno temático).